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175 anos de amizade entre Brasil e Noruega

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Uma noite de festa, com direito a caipirinha, música brasileira, pratos à base de bacalhau da Noruega e muita animação. Foi assim que a Embaixada da Noruega em Brasília comemorou mais uma tradicional Noite do Bacalhau, sob comando da embaixadora Aud Marit Wiig que, em agosto, deixa o país.

Jan Dybfest, ministro conselheiro da Embaixada da Noruega, cumprimenta o ministro Sarney Filho na Noite do Bacalhau

“Me considero sortuda por ter passado cinco anos nesta terra. Vim da Noruega com pouquíssimo conhecimento sobre o bacalhau e, logo, logo, pude perceber que os verdadeiros experts do bacalhau não são os noruegueses, mas sim os paulistas, cariocas, mineiros, brasilienses, baianos e todos os outros brasileiros”, ressaltou a embaixadora durante discurso no evento. “Volto para a Noruega mais sabida, com o Bacalhau Gomez de Sá e Espiritual e Lagareiro em minha bagagem, pronta para testá-los em mesas de jantar norueguês”, completou.

Staff da embaixada da esquerda para a direita, Kristian Bengtson, Jan Dybfest, Olve Sorensen(esposo da embaixadora), a embaixadora Aud Marit Wiig e Mona Berg Jaegger

Aud Marit também fez questão de falar da recente visita do presidente Temer e sua comitiva à Noruega. “Sinto satisfação e orgulho de ter sido parte da crescente franqueza e respeito em nossas relações, desenvolvidas ao longo dos últimos cento e setenta e cinco anos”, enfatizou. “O presidente Temer pode não ter tido seus sonhos de bacalhau comtemplados dessa vez”, continuou, alegando que o cardápio da visita não incluiu pratos com bacalhau, já que, na Noruega, o bacalhau é servido fresco. “Mas sua breve visita à Noruega na semana passada e as reuniões e refeições que compartilhamos foram tão amistosas e francas como em qualquer outra reunião diante de uma boa mesa”, concluiu.

E, nesses cinco anos de Brasil da embaixadora, lá se foram quatro Noites do Bacalhau. Em duas delas, o tema escolhido foi o Churrasco de Bacalhau, com direito ao peixe feito na brasa e servido na hora com batatas ou arroz; no ano passado, o tema foi Em Pleno Mar da Noruega, com empratados de bacalhau diversos e decoração feita com projeções do mar da Noruega sobre uma dome de bambu.

Homenagem – Este ano, com cardápio assinado pelo Fernanda Oliva Buffet, a festa celebrou os 175 anos de amizade entre Brasil e Noruega, uma parceria iniciada em 1842 com a primeira leva do peixe para terras brasileiras. Tema escolhido para a edição de 2017: “Quem quer bacalhau?!”. A frase foi imortalizada pelo grande comunicador e apresentador carioca, José Abelardo Barbosa de Medeiros, mais conhecido como Chacrinha que, este ano, completaria 100 anos de idade. Chacrinha popularizou a imagem do bacalhau no país numa época em que o comércio do peixe estava em baixa no país.

O sósia do Chacrinha, Hélio Vernier, de 82 anos, viajou do distrito de Ipiranga, em São Paulo, até Brasília apenas para participar da festa. Ele garante que, apesar da distância e do peso da idade, valeu cada segundo. “Fui muito bem tratado por aqui e amei a embaixadora, que é muito simples e animada”, destacou o sósia.

Os convidados se transformaram em “auditório” e receberam plaquinhas com outras frases famosas do Velho Guerreiro, como “Terezinhaaaa!”, “Eu não vim para explicar; eu vim para confundir!”; “Ganhou o troféu abacaxi!“ e muitas outras. Pompons e serpentinas ajudaram a completar o clima da Discoteca do Chacrinha, que teve como pano de fundo um painel de led que reproduzia imagens da Noruega e do show do Chacrinha original.

Acompanhado de duas Chacretes, Hélio Vernier, o motorista de ambulância aposentado, pai de quatro filhos e sósia do Velho Guerreiro há 19 anos, subiu ao palco para lembrar o show de calouros, que incluiu duas atrações nacionais: Sidney Magal e Roberto Carlos, interpretados pelo cantor Marcello Souto Maior, e uma atração internacional, o cantor norueguês Morten Harket, da banda A-ha, interpretado por Kristian Bengtson, coordenador do Programa para Povos Indígenas da Embaixada, que topou a brincadeira de subir no palco. “Foi uma noite de muita descontração e alegria”, destacou Hélio Vernier, o mesmo sósia que protagonizou o especial Por Toda a Minha Vida, exibido pela TV Globo em 2006.

Tradição – Num segundo discurso, agora ao lado do sósia, Aud Marit explicou em inglês à comunidade diplomática quem foi Chacrincha e a importância que ele teve e tem no cenário cultural brasileiro. Seu Hélio diz não ter entendido nada, mas agradeceu o discurso com um “Thank you very much!”.

Aud Marit explicou que Chacrinha faz parte da história da TV brasileira e que entre os anos 50 e 80, manteve um programa de auditório no qual apresentava nomes hoje conhecidos da música nacional e promovia novos cantores em seu show de calouros. Ela contou também que Chacrinha costumava distribuir bacalhau para seu auditório, lançando o peixe para quem estivesse na plateia, o que causava um verdadeiro frisson.

Para fechar o evento com chave de ouro, um bolo de 10 quilos, assinado pela confeiteira Elisabete Lacerda da Costa, em formato de bacalhau e com o selo do Conselho Norueguês da Pesca, foi trazido ao palco para que Aud Marit e Chacrinha pudessem cantar parabéns e abrir a pista de dança.

Desta vez, extraordinariamente, a Noite do Bacalhau não aconteceu na residência oficial da embaixadora, na Embaixada da Noruega, mas no Clube das Nações. Isso por que as instalações da embaixada vão passar por uma reforma, que deve ficar pronta em nove meses.

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