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Entrevista com diretor e ator do filme ‘Saint Laurent’

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O gênio da alta-costura Yves Saint Laurent teve sua vida, entre 1967 e 1976, reproduzida no longa-metragem, ’Saint Laurent’ do diretor Bertrand Bonnello, que estreiou no Brasil na última quinta-feira, dia 13 de novembro. O filme estrelado pelo ator e modelo francês de 29 anos, Gaspard Ulliel, que encarnou papeis diversos como Hannibal Lecter em Hannibal Rising e Paris Je T’aime, mostra o lado mais conturbado da personalidade do estilista. No filme, cenas de fragilidade e melancolia; depressão, abuso de drogas, orgias e o trabalho extenuante, mas também um apanhado de  momentos de extrema criatividade, com  ideias inovadoras de estilo,  concepções revolucionárias, que mudaram o modo das mulheres se vestirem e que se perpetuam até hoje. No elenco, Jérémie Renier como o parceiro e empresário Pierre Bérger; Louis Garrel no papel do amante de Yves, Jacques de Bascher; Léa Seydoux e Amélie Valade como as musas e  amigas inseparáveis Loulou de Falaise e Betty Catroux; e Helmut Berger como Yves Saint Laurent em 1989.

Yves Saint Laurent e Jacques de Barscher
Yves Saint Laurent e Jacques de Barscher

Amante de música clássica, o estilista criava ouvindo Puccini e Schubert; amava a voz da cantora Maria Callas; se inspirava e almejava ser como o grande pintor Henri Matisse, colecionava quadros, esculturas e influenciou a moda que conhecemos. O jovem ‘Kikou’ como era chamado carinhosamente por Bérger, foi um dos mais inovadores designers de sua época. Detalhista, perfeccionista e exigente, trabalhou por 40 anos e deixou um legado de mais de setenta coleções lançadas, entre mais de 5 mil peças de roupa.

Gaspard Ulliel como Yves Saint Laurent
Gaspard Ulliel como Yves Saint Laurent

Em coletiva de imprensa no SPFW, na última terça-feira (4), o diretor Bertrand Bonello e o ator Gaspard Ulliel conversaram  sobre a produção do filme.

Gaspard Ulliel 2
Foto: Paula Pratini- Gaspard Ulliel

Sobre o processo de criação do personagem e a figura de YSL na sociedade.

Gaspard Ulliel: Antes de me preparar para interpretá-lo eu tinha um conhecimento um pouco precário sobre a sua vida e o seu trabalho. No início do processo, um ano antes,  eu comecei a descobrir um homem bem diferente e a minha opinião sobre ele mudou. Na década em que o filme é passado, em meio às revoluções na França, a emancipação da mulher, Yves Saint Laurent transmitiu em suas coleções, todo este movimento que acontecia. O importante no início foi entrar em acordo com o diretor sobre o que queríamos evitar e fazer uma autobiografia exige cuidados. Eu usei como base o real e me aproximei da verdade para recriar o personagem. É completamente diferente de um papel de ficção, e isso me motivou muito, foi um desafio. Tive que buscar um meio termo entre o real e o irreal, por conta da expectativa dos espectadores e do diretor com relação a minha interpretação.

Bertrand Bonello: Meu primeiro trabalho foi excluir e eliminar o desnecessário, o que não era interessante pra mim. Eu me concentrei nesta década porque acredito que tenha sido os anos mais loucos e mais densos em que ele vivenciou tudo, mas as mesmo tempo foi o período mais criativo de sua carreira. Foram anos fascinantes dentro da história mundial e onde foram transpostas as barreiras e limites impostos pela sociedade. Ele caminhou juntamente com estas transformações e expressou o que via, o que vivia.

Gaspard Ulliel
Foto: Paula Pratini- Gaspard Ulliel

O papel de YSL na moda.

Gaspard Ulliel: Ele foi um dos precursores e instigadores do Prêt-a-Porter e mudou a cara da moda feminina. Além de criar a moda que se dirigia a todos, com suas iniciais em perfumes, maquiagem, acessórios que foram conhecidos e comercializados em todo o mundo.  O smoking feminino apresentado na coleção de 1966, com uma blusa transparente e uma calça masculina foi imortalizado e faz parte do guarda roupa de qualquer mulher moderna.

Sobre a oposição de Pierre Bérger com relação o lançamento do filme e a polêmica em torno.

Bertrand Bonello: Não há muito o que falar sobre isso. Pierre Bérger gosta de manter o controle sobre tudo relacionado ao YSL e o objetivo era termos liberdade para criar e não contestá-lo. Existiu um momento em que ele soube o que se tratava e criou algumas objeções, mas quando ele soube que o filme seria lançado e que não teria jeito dele se opor, ele nos desejou boa sorte.

Como relação a indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Bertrand Bonello: É um longo caminho pela frente, mas de qualquer maneira nos sentimos honrados em termos sidos escolhidos para representar a França. São 83 países que irão apresentar seus filmes, mas estamos indo passo a passo e voilá.

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