Qual seu conhecimento sobre os ótimos vinhos tintos produzidos em  Bento Gonçalves – RS ? frugal ou extenso, não importa, vamos amplia-lo. Fala-se muito e bem sobre os  espumantes desta região, tanto que Bento Gonçalves e o Vale dos Vinhedos tornaram-se referência internacional em terroir de espumante de qualidade superior. Os vinhos tintos também são favorecidos por esse terroir, uma combinação de solo, na sua maioria  é composto de argila, e em alguns lugares, um pouco de pedra e cascalho, ao clima  úmido, temperado e quente, com noites temperadas. Toda a Serra Gaúcha é ainda muito arborizada, com matas preservadas, e muitos riachos, a umidade aproxima-se dos 80 por cento. Os  vinhedos estão na sua maioria a 400 e 600 metros de altitude. Todas esses aspectos oferecem possibilidades para plantar várias castas de uvas, atentendo às suas pecularidades naturais e seus ciclos , é possivel encontrar desde uvas  mais cultivadas com a Merlot e Cabernet Franc assim como as inusuais a Ancelota, Nebbiolo, Teroldego, Rebbo e Marselan. Tudo isso associado  dá-se  uma característica própria aos vinhos da região.

De malas prontas para participar da 24ª Avaliação de Vinhos Nacionais que aconteceu no ultimo dia 24 de setembro em Bento Gonçalves, reservamos mais tempo e aceitamos o convite de Douglas Chamon, enófilo experiente, enólogo estreante, blogueiro – Adega do Chamon para conhecer suas dicas: vintos tintos de excelente qualidade, frutos de vinícolas e ‘magos’ que os produzem com estilos próprios que nos remetem ao melhor do Velho Mundo.

Bento Gonçalves tem mais de um Vale próximo,  além do Vale dos Vinhedos, tem o Vale Aurora.  O Vale dos Vinhedos fica entre Garibaldi e Bento Gonçalves, possui mais de 50 quilômetros de atrativos, com mais de 30 vinícolas, algumas bem pequenas dividindo espaço com as grandes e famosas nacionais. Selecionamos a Larentis, a Milantino e o Bettú para degustarmos seus tintos.

A história da Larentis se confunde com a chegada dos imigrantes italianos nessa região, quando em 1876, Arcanjo Larentis fixou-se nessa propriedade produzindo uvas víniferas e americanas. Em 2001, deram os primeiros passos rumos a vinhos de qualidade após a aquisição de mais terras onde produzem 12 castas distintas. A Larentis produz, maneja  e colhe as uvas utilizadas em seus vinhos.

Solicitado, André Larentis, jovem  enólogo da vinicola explica como a Larentis busca vinhos bem estruturados, com capacidade de guarda.

…” André disse que além deste tempo (período de maceração), ainda há uma pós-maceração de uns 10 dias.”Depois que termina a fermentação, o vinho fica mais uns dias em contato com a casca pra ocorrer uma extração ainda maior de cor, taninos, fenóis, acidez de boa qualidade, justamente pra ter  esse potencial de longevidade. Posteriormente o vinho permanece no aço inoxidável por um tempo, e depois vai para as barricas de carvalho americano/francês. Os tintos permanecerão em barricas de 3 a 15 meses, dependendo da qualidade da safra, da variedade e da linha a ser produzida, mas de forma geral, a barrica é usada para agregar qualidade ao vinho, e não se sobressair à característica da uva”… ( Blog Adega do Chamon)

A Milantino Vinhos Finos é outra joia do Vale dos Vinhedos, sua filosofia é elaborar vinhos de alta qualidade e de produção limitada. Fundada em 1989, durante esses 27 anos coleciona prêmios e mais prêmios, dois deles no Les Citadelles du Vin 2014 – em Bordeaux, na França. Nessa ocasião trouxeram o Prêmio Especial Brasil – Milantino Gran Reserva 2005  e o Medalha de Ouro – Milantino Gran Reserva 2005.

Segundo Douglas Chamon, os vinhos Milantino  apresentam complexidade x qualidade x suavidade, que resultam em elegância, untuosidade e maciez.  É possivel conferir esses maravilhosos vinhos na degustação da casa, porém reserve pelo menos duas horas, sob a  batuta de Sadi Andrighetto, sócio de Luís Milani, o enólogo, irá prová-los assim como visitar as lindas instalações e ouvir orgulhosas histórias de lutas e sucesso.

Vilmar Bettú, dos vinhos Bettú, é uma pessoa incrivel, contagiante! como produtor de vinhos tornou-se uma lenda, todas as uvas que toca tornam-se vinhos memoravéis! Não produz vinhos de qualidades distintas, todos são esplêndidos, fruto da determinação desse homem de 69 anos, engenheiro mecânico e ex-professor de Física que ao aposentar-se voltou às suas origens, a pequena e bela propriedade da família desde a chegada ao Brasil, em 1886.

…”Em termos de qualidade e tipicidade, seus vinhos se assemelham ao estilo italiano, gastronômicos, encorpados, com taninos e acidez presentes quando jovens, exigindo amadurecimento para que se consiga obter o que o produto pode oferecer. Sabedor destas características e com a intenção de oferecer um produto completo para o consumo, Bettú somente coloca os vinhos à venda anos após a sua vinificação.” (Blog Adega do Chamon)

Visitas , degustações e compras de mais 200 rótulos sucede-se com devido agendamento em sua propriedade, onde abriga sua residência e vinicola. Contato: +55 27 3462.6807

Sabe aqueles cenários estonteantes que imaginamos não existir de fato, aqueles criados por cenógrafos brilhantes em filmes de grandes investimentos? pois é, existem no Vale Aurora, distrito de Faria Lemos, mais precisamente na propriedade de Irineu Dall’ Agnol, sócio  da vínicola Estrelas do Brasil. Demora-se algum tempo para se perceber que tudo aquilo é real.

Citados no Blog Adega do Chamon como  “enólogos alquimistas”, Irineo Dall’ Agnol e Alejandro Alberto Cardozo Rapetti maravilham com a diversidade e ousadia encontradas em seus vinhos e espumantes. Apesar da pequena produção, a pluralidade de produtos impressiona, e na qualidade, sabores e aromas que conquistem enófilos à procura de algo novo.

Estrelas do Brasil não possui um local específico de visitação, sendo a comercialização de seus produtos realizada pelo site (www.estrelasdobrasil.com.br) e na residência de Irineo, nos finais de semana, aonde recebe turistas e enófilos. Contato: +55  54 3324.1016

Com tantos vinhos admiravéis sendo produzidos no Brasil,  a 24º Avaliação Nacional de Vinhos, só poderia ser um evento primoroso, apresentou a um público  pagante, imprensa e convidados, totalizando 850 pessoas,  16 amostras selecionadas dentre 241 inscritas.

O evento é reconhecido por sua proximidade com a cadeia produtiva da uva e do vinho, de modo que contribui para que a produção do vinho brasileiro evolua em qualidade, tecnologia e reconhecimento. Portanto, um dos legados da Avaliação é nortear produtores e enólogos na a escolha de variedades de uvas, técnicas de elaboração e lançamento de produtos.

Segue abaixo as 16 amostras selecionadas e degustadas pelo público:

Categoria Vinho Base para Espumante

Chardonnay – Casa Venturini Vinhos e Espumantes (Flores da Cunha – RS)

Chardonnay – Domno do Brasil (Garibaldi – RS)

Chardonnay/Pinot Noir – Vinícola Geisse Ltda. (Pinto Bandeira – RS)

 Categoria Branco Fino Seco Não Aromático

Riesling Itálico – Vinícola Salton (Bento Gonçalves – RS)

Chardonnay – Cooperativa Agroindustrial Nova Aliança (Santana do Livramento – RS)

Chardonnayy – Basso Vinhos e Espumantes (Farroupilha – RS)

Categoria Branco Fino Seco Aromático

Sauvignon Blanc – Rasip Agropastoril (Vacaria – RS)

Moscato Giallo – Vinícola Don Guerino (Alto Feliz – RS)

Categoria Tinto Fino Seco Jovem

Merlot – Vinícola Casa Motter (Caxias do Sul – RS)

Categoria Tinto Fino Seco

Tempranillo – Miolo Wine Group Vitivinicultura (Bento Gonçalves – RS)

Marselan – Casa Valduga Vinhos Finos (Bento Gonçalves – RS)

Cabernet Franc – Casa Perini (Farroupilha – RS)

Cabernet Sauvignon – Guatambu Estância do Vinho (Dom Pedrito – RS)

Cabernet Sauvignon – Vinícola Almaúnica (Bento Gonçalves – RS)

Tannat – Dunamis Vinhos e Vinhedos (Dom Pedrito – RS)

Alicante Bouschet – Dal Pizzol Vinhos Finos (Bento Gonçalves – RS)